A razão da fé
Quantas vezes encontramos dificuldades para andarmos corretamente de acordo com algo que entendemos, concordamos e buscamos para a nossa vida.
Um mandamento como honrar o pai e a mãe não é difícil de entender como algo bom e com a qual nossa vida será melhor, mas mesmo assim, às vezes, desonramos nossos pais por causa das diversas fraquezas que temos.
Se às vezes é difícil permanecer no caminho de um mandamento que entendemos e concordamos, imagine um que não entendemos e discordamos veementemente.
Fico pensando o que passou na cabeça de Abraão quando Deus pediu para ele sacrificar o seu único filho, que tanto amava, Isaque (Gn 22:2).
Temos que lembrar que para Abraão tudo é muito novo, ele está descobrindo pelo caminho o Deus a quem ele decidiu dar ouvidos. Não tinha mandamentos e nem muita ideia de quem era este tal Deus, apenas que ele existia.
Por algum momento Abraão pode ter pensado: este Deus é igual aos outros, pede sacrifício de nossas crianças, é sanguinário como todos os deuses que conheci em Ur dos caldeus.
Quem sabe pensou diferente: Deus desistiu do projeto de fazer de mim uma grande nação, deve ser por minha incredulidade, ou por ter decidido ter Ismael com outra, ou até mesmo por Sara ter rido quando Ele falou que iríamos ser pais.
Ou ainda pior: acho que não eduquei direito o meu filho Isaque e Deus vai tentar de novo, por isso tenho que mata-lo.
Acredito que muitos pensamentos passaram na cabeça de Abraão até chegar a hora do sacrifício. Ele poderia justificar com “bons” motivos a desobediência ao pedido do Senhor. Mas não, mesmo não entendendo foi pela fé até o fim.
A fé não é burra, não vai contra ao que aprendemos que é sensato e lógico. A fé não é irracional e sim suprarracional. Ela está em um lugar onde a razão não consegue chegar. A razão sozinha não é suficiente para trazer sentido ao coração do homem, ela precisa da fé em suas arestas.
Quando falamos que Abraão foi até ao fim pela fé, a pergunta que devemos responder é: fé em que? Fé que Deus livraria Isaque na última hora? Acho que mais do que isso, Abraão teve fé que o Senhor a quem ele estava seguindo tem uma lógica que não podemos compreender a não ser pela fé. Abraão teve fé que o Senhor era bom, mesmo que toda a sua razão mostrasse que o que Ele pediu apontava para o mal.
Está fé foi a mesma que Cristo demonstrou na cruz ao perguntar “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”(Mt27:46). Naquele momento perante dores insuportáveis, desprezo e humilhação, Jesus estava sendo obediente pela fé em que seu Pai sabia o que estava fazendo e mesmo não conseguindo entender e sentir, o Pai estava sendo bom e derramando amor.
Peço a Deus fé Nele e, em Nele somente, para que eu pare de procurar sentido apenas em minhas lógicas e pensamentos e descanse em paz em Suas lógicas e pensamentos.
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