Numa época em que o meio
de transporte mais usado ainda eram as locomotivas, um casal de jovens se
conheceram e se apaixonaram com grande ternura. Porém existia uma diferença entre
eles: o rapaz era pobre e lutava com esforço para sobreviver; a moça era rica e
cheia de bens materiais. Seu pai era fazendeiro muito rico e dono de várias
terras.
Um certo dia o rapaz
disse à sua amada:
— Preciso viajar. Vou
até aquela cidade que tantos falam que faz muita gente prosperar. Sei que
certamente irei conquistar nosso futuro lá.
A moça se entristeceu em
seu semblante às vistas do rapaz. Ele esboçou um sorriso e abriu a palma da mão
esquerda. Os olhos da jovem brilharam ao ver uma grossa e vistosa aliança de
noivado.
— Lutei muito para
comprar este anel para te dar. Sei que assim não você não irá se esquecer de
mim e vai saber que não te esqueci.
— Não vou te esquecer —
falou a moça.
Ele sorriu novamente,
esperançoso. Falou:
— Irei para aquela
cidade e logo que me firmar lá mandarei um telegrama escrito onde estou e que
podes viajar para lá e me encontrar.
— Ficarei esperando
ansiosamente o telegrama — ela disse.
Seis meses se passaram.
Os dois se comunicavam apenas através de cartas. A moça continuava sua vida de
luxo ao lado de sua família, enquanto o jovem lutava na cidade grande,
empregado numa metalúrgica, buscando uma vida melhor para um futuro casamento.
Até que um dia ele foi promovido por sua competência e incessante busca por
aprimoramento no trabalho. Seu patrão lhe disse:
— Não posso mais deixar
você onde está, pois merece estar num cargo mais elevado. — então o colocou
como supervisor da fábrica e mais tarde o escolheu para viajar à outra cidade
para implantar nova fábrica. A notícia transformou-o no homem mais feliz do
mundo. Enfim chamaria sua amada.
Após os últimos acertos
para a viagem de inauguração, o rapaz escreveu o telegrama para sua noiva na
cidade pequena:
Minha querida,estou
escrevendo para pedir-lhe que venha omais rápido possível. Fui promovido para
gerente de uma nova loja que iremos inaugurar depois de amanhã. Sei que há um
trem saindo amanhã de manhã da cidade. Tem que pegar este, pois só assim dará
tempo de chegarmos juntos ao local da inauguração. Estou louco para tê-la ao
meu lado para, enfim, nos casarmos.
Com o telegrama nas suas
mãos, ela leu ainda as últimas linhas onde constava o endereço dele. Ela sorriu
e chamou suas criadas para ajuda-la a arrumar suas malas.
Na manhã seguinte se
despediu do seu pai e de sua mãe, esta, em prantos, disse:
— Você tem certeza de
que quer ir, mesmo, minha filha? Não sabe se realmente ele conseguiu uma vida
melhor pra você. E se ele estiver mentindo?
— Tenho que confiar
nele, mamãe.
Após o capataz ter
colocado toda a bagagem da moça (ao todo nove malas grandes e repletas de
roupas e jóias de valor) sobre a carruagem o pai deu-lhe ordem para levá-la até
a estação. Chegaram lá atrasados, e quase não acreditaram quando viram tanta gente
na estação para pegar aquele trem. Por que não reservei as passagens? Resmungou
ela consigo mesmo.
Os senhores fardados com
o uniforme da companhia anunciaram em voz alta que dentro de poucos instantes o
trem estaria partindo.
— Depressa! — urrou ela
para o empregado — Temos que colocar as bagagens no trem antes
que ele parta!
Com todo esforço de
capataz fiel, o homem que a acompanhava baixou toda a bagagem da filha
do seu patrão e as colocou próximo ao trem. Já coberto pelo suor e
exausto ele chamou um dos homens fardados que conferiam as passagens
daqueles que subiam no trem. Quando o homem fitou a quantidade de bagagem que a
jovem trazia ele abanou a cabeça negativamente. Falou a ela:
— Será impossível subir
no trem com toda esta bagagem, senhorita.
Sinto dizer que terá de
levar apenas duas destas.
— O quê. Não pode ser,
meu senhor…
— Infelizmente pode. Há
muitos passageiros hoje e também muitas bagagens, a ponto de impormos uma cota
de duas malas por pessoa, apenas.
Por isso, se quiser
viajar neste trem terá que levar apenas duas malas.
A moça olhou para toda a
sua bagagem e pensou em toda as roupas e jóias que continham nelas. Lembrou do
que a mãe lhe dissera: Não sabe se realmente ele conseguiu uma vida melhor
pra você. E se ele estiver mentindo?
Ela estava preparada se
ele estivesse mentindo. Estaria levando jóias e roupas que venderia se fosse o
caso, mas agora, com apenas duas malas… Não seria suficiente.
Os homens uniformizados
gritaram a última chamada. O trem já iria partir. A jovem então deu a ordem
para o capataz:
— Pegue as malas e
coloque-as de volta na carruagem. Eu… eu vou ficar.
No dia seguinte um
telegrama chegou às mãos da moça.
Estava escrito:
Minha querida,estou
escrevendo para pedir-lhe que não me procure mais. Meu amigo que recolhe
passagens me disse que você preferiu ficar com suas bagagens a ter de me
encontrar sem elas. Não o culpe nem o chame de fofoqueiro, pois fui eu mesmo
que pedi para que ele inventasse a história da cota das bagagens. Queria ter certeza
de que me amava de fato e verdade mais do que as riquezas desta vida a que
estava tão acostumada. Infelizmente pude ter a comprovação de que não. Adeus.
No ano seguinte um
jornal local publicou a foto daquele jovem sendo considerado um dos homens mais
influentes do país, e ainda trazia o anunciado de que se casaria com a filha do
dono da empresa que dirigia.
Jesus fala que não
devemos ter amor às coisas deste mundo nem nos conformar com elas (Jo 12:25 e
Rm 12:2) (bagagens), mas devemos segui-lo, ir após Ele (Lc 9:23), pois Ele não
nos deixará órfãos (Jo 14:18) ou sem destino certo (Jo 14:6). Ele cuidará de
nós e nos sustentará.
Não ame mais as bagagens
deste mundo do que o Noivo. O trem já está prestes a partir. O que
você irá escolher?
Porque nada trouxemos
para este mundo, e nada podemos daqui levar; (I Tm 6:7)
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